As questões-problema que balizam o estudo proposto organizam-se segundo três diferentes eixos, que se complementam no delineamento de um quadro sobre o estado do urbanismo na América Latina nas décadas de 1960 e 1970. No primeiro eixo interessa-nos discutir como se formulam pautas e como se definem agendas de questões urbanas a guiar a reflexão e a prática dos urbanistas locais. Em outras palavras, isto significa desvendar como os meios profissionais e oficiais tematizavam a realidade urbana local, construíam agendas de questões e buscavam a elas responder em termos de políticas públicas, propostas e instrumentos urbanísticos e realizações efetivas, lembrando aqui o fortalecimento do papel do Estado e a tensa situação política reinante em vários países do continente naquele momento; No segundo eixo pretende-se dar seguimento ao estudo da circulação de profissionais, de ideias e de experiências no âmbito continental, considerando a entrada em cena de maneira mais vigorosa de novos atores (como as agências internacionais) e a disseminação de experiências próprias em termos do ensino da arquitetura e do urbanismo; No terceiro eixo, o nosso olhar se desloca do âmbito interno à América Latina para estudar as possíveis ressonâncias que aí ocorreram das mudanças paradigmáticas no campo da arquitetura e do urbanismo então em curso nos países europeus e nos Estados Unidos. Como se sabe, os anos 1960 são um período de profundas mudanças e reformulações no pensamento e na prática da arquitetura, do urbanismo e das formas de compreensão da cidade, em grande parte ensejados pela disseminação das críticas aos ideais e às realizações alinhadas ao Movimento Moderno. Considerando esse clima de efervescência, que colocou em pauta novas questões - como a história, o patrimônio, o futuro dos centros tradicionais, as formas de sociabilidade, as dimensões locais e regionais da cultura e da natureza, dentre muitas outras cabe indagar como isso teria eventualmente repercutido sobre a realidade latino-americana.