Luxo, luxúria e lixo - a presença e o esquecimento dos cinemas em Salvador

Nas cidades coexistem arquiteturas da presença e do esquecimento. Há arquiteturas que persistem na atualidade e que remetem a tempos passados. Mas há também arquiteturas do esquecimento que embora possam perdurar no tempo, praticamente desaparecem diante do presente e quase nada remetem ao passado. Mas mesmo assim os espectros das suas presenças insistem em permanecer. De certa forma essas arquiteturas permitem que se alcancem outras histórias não reconhecidas, presentes e passadas. O presente texto pretende tratar dessas arquiteturas da presença e do esquecimento de Salvador na primeira metade do século 20, durante o processo de modernização da cidade. Aborda um tipo arquitetônico específico que aparece durante esse período e que se relaciona diretamente com a modernização soteropolitana: o cinema. A presença desse tipo de edificação supõe não apenas transformações dos antigos teatros e a introdução de uma nova modalidade de recreação, mas também a difusão de uma série de comportamentos que afetam os cidadãos dentro e fora das salas de cinema, supostamente condizentes com as circunstâncias da modernidade e com a modernização locais. Essas arquiteturas dos cinemas soteropolitanos são retomadas a partir dos seguintes procedimentos: do reconhecimento das pistas voluntárias e dos rastros involuntários.

Ano: 
2015