Esse artigo se propõe a refletir sobre os impactos das várias transformações que um edifício no transcurso do tempo sofre e quais os resultados e significados dessas intervenções. A trilha dessa investigação segue a saga do antigo Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Ele teve seu projeto literalmente construído pela metade, uma significativa intervenção ao ser transformado na Faculdade de Comunicação da UFBA (FACOM) e atualmente vem sendo ampliado a partir da construção da ala prevista e não executada da proposta original. Busca-se compreender o que restou dos princípios e soluções da arquitetura moderna e como ela interagiu às sucessivas intervenções para o reuso do edifício. Projetado e construído entre 1976 e 1980, o antigo RU possuía uma forma composta por um bloco retangular e um volume em balanço que se projeta a partir dele, dividindo-o em dois blocos. A obra mescla elementos metálicos na grelha que protege as esquadrias; alvenaria nas paredes e janelas em vidro e metal, além das estruturas em concreto aparente de grande valor estético para a identidade do edifício. O volume em balanço de dupla altura abriga as escadas e possui vedação externa em telhas de fibrocimento na vertical que funcionam como elementos de ventilação e proteção solar. As formas criam espaços de convívio e o volume possui grandes aberturas favorecendo ventilação e iluminação natural. O edifício segue a estética brutalista e o desenvolvimento em módulo integra-o ao conjunto dos edifícios que compõem o Campus Federação-Ondina da UFBA. Em 1999 o prédio passou a abrigar a FACOM e apesar do aspecto externo ter permanecido razoavelmente o mesmo, seu interior foi significativamente reformulado nessa primeira intervenção nos anos 2000. A última intervenção prestes a ser inaugurada mergulhou o edifício num paradoxo: ao mesmo tempo em que alterou por completo a solução assimétrica que caracterizava o edifício construído, deu à edificação a simetria do projeto original. Perdas, danos ou ganho?